A vida passa, rápido, e com ela as pessoas que convivemos. De repente nos damos conta que o time em volta foi muito renovado.
Se cada época tem seus desafios tem também as pessoas que se destacaram pelo seu saber e sua dedicação no campo profissional, contribuindo para a construção das nossas instituições. Entre os fundadores do moderno setor elétrico ( Mario Bhering, Cotrim, Thibau.... ) e os atuais gestores, houve uma geração que consolidou o seu caráter empresarial, seus grandes processos decisórios nos campos da engenharia, planejamento, operação de sistemas, gestão financeira e orçamentária, meio-ambiente, gestão de pessoas e outros. Um processo de lutas e disputas internas e externas com vários agentes, na defesa do melhor para o Setor.
Recentemente perdemos dois colegas dessa geração que marcaram, cada um no seu campo, alguns grandes momentos da Eletrobrás.
Luiz Oscar Rodrigues de Mello na década de 90 foi secretário Geral da Eletrobrás, um posto no qual se destacou pela sua competência e habilidade nos relacionamentos. Gerindo a base corporativa de todas as convocações de reuniões de Conselho, assistindo-as, elaborando as atas, coordenando o seu sincronismo com as reuniões das empresas controladas e cuidando do impecável atendimento às normas legais e regulamentares da CVM seu trabalho foi perfeito. Manteve um excelente relacionamento com os órgãos regulatórios e de controle que muito beneficiou a gestão empresarial. Quando a Eletrobrás enviou, depois de longos anos ausente deste tipo de iniciativa, um grupo de técnicos para fazer curso de pós-graduacão no exterior Luiz Oscar foi escolhido e fez seu aperfeiçoamento profissional na prestigiosa Universidade de Harvard.
Durante esse tempo, ocupou também, com grande equilíbrio e competência, a presidência do Conselho de Curadores da Eletros.
Anos depois presidiu a CGTEE, empresa formada a partir de negociações com o Estado do Rio Grande do Sul, tema que havia acompanhado desde o inicio. A transferencia desses ativos resolveu um problema de dívidas impagáveis do Estado com a Eletrobrás e da União com o Clube de Paris, que agregava governos credores do Brasil. Luiz Oscar, deslocou-se para o sul, equacionou os problemas de demarragem em bases aperfeiçoadas dessa empresa que passou a fazer parte do Grupo Eletrobrás.
Izaltino Camozatto, até o fim da década de 80 de Furnas, já era reconhecido como uma das grandes estrelas do planejamento da expansão setorial quando aceitou vir ocupar a Secretaria Executiva do GCPS, Grupo Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos. Neste papel contribuiu para a consolidação dos instrumentos de planejamento que se sucederam ao Plano 2010, como a sistemática dos Planos Decenais da Expansão e a articulação destes com o planejamento de mais longo prazo apresentado no Plano 2015. Sua contribuição foi igualmente relevante no campo metodológico. A partir deste ponto não parou de se destacar no Rio e em órgãos governamentais em Brasilia. Teve passagens importantes na gestão de investimentos das Fundações de Previdencia que o nomearam para o Conselho de Administração de diferentes empresas. Atuou em várias atividades representativas da categoria de engenheiros nos seus órgãos de classe.
Enfrentou grande tragédia familiar assumindo responsabilidades adicionais em relação a sobrinhos num momento onde a irmã e cunhado faleceram num trágico acidente. Até o final da vida enfrentou com galhardia típica do bom gaúcho que era, a insidiosa doenca que o levou, mantendo-se informado e atualizado sobre o Setor e assim contribuindo com seus amigos e interlocutores.
Perdemos o convívio de dois colegas. Que sejam sempre embalados carinhosamente pela memória dos vivos.
