Em 1992, um menino muito próximo de mim e com 4 anos de idade, naquela oportunidade, apareceu com leucemia. Todas as tentativas de cura foram utilizadas, sem sucesso. Após consulta a entidades especializadas, os pais do menino se deslocaram para Curitiba, quando foram informados de que somente um transplante de medula ossea poderia salvar o seu filho. Na área familiar, onde a probabilidade de encontrar um doador com sangue compatível seria maior, não houve sucesso. Então os dados da criança foram enviados para um banco de coleta de dados no Brasil(há vários), que se comunica com outros centros semelhantes em diversas partes do mundo. Finalmente, através de consulta ao banco de dados, foi localizada em Londres a pessoa indicada(compatibilidade de sangue idêntico ou sensivelmente parecido) para servir de doador. Numa certa noite, no ano de 1996, esta pessoa foi contatada e recebeu a informação de que alguém na América do Sul precisava de sua medula com urgência. Ele foi imediatamente para o hospital fazer a coleta, levado por um vizinho taxista que, sabedor do caso, disse ao deixá-lo no destino: “Nada cobrarei pelos meus serviços, já que também quero dar a minha contribuição para um epílogo feliz deste caso.”
A medula óssea foi trazida para Curitiba, com todos os cuidados aplicáveis ao caso e transplantada na criança (então com 8 anos), em um grande centro daquela cidade, que há tempos vem se dedicando a esta nobre atividade.
Houve ainda um longo caminho a ser percorrido, onde um excelente acompanhamento médico e a dedicação e carinho dos familiares muito contribuíram para assegurar a total recuperação do transplantado. Passados alguns anos, quando o sucesso da operação já era uma realidade, o doador foi informado sobre os dados da criança a quem ele salvou a vida. Razões profissionais trouxeram-no ao Rio de janeiro, sendo convidado a comparecer à residência da família, para conhecer pessoalmente aquele a quem ele teve oportunidade de salvar.
Desnecessário dizer o forte clima de emoção que se apoderou dos familiares presentes na recepção àquele que foi localizado em Londres, guiado não se sabe por que, e veio a ter um papel tão importante na vida daquela criança. Hoje, aquele menino está com 19 anos, saudável, cursando o primeiro ano do curso de engenharia, com um belíssimo futuro pela frente.Como se vê a solidariedade humana não encontra limites, nem lugar para ser praticada.
Qualquer pessoa com boa saúde entre 18 e 55 anos poderá ser um doador. Informações úteis podem ser obtidas, entre outras, no site www.sliba.org.br.