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O Bom-Bocado dos Investidores

A constatação do novo ritmo do crescimento econômico do país, pelo menos na última década, consoante as relações da estatística, não é obtida apenas através do Produto Interno Bruto, o velho PIB enfatizado pelos veículos de divulgação, ou pela elevação do nível de renda e de consumo de milhões de brasileiros. Cumpre destacar também ...

A constatação do novo ritmo do crescimento econômico do país, pelo menos na última década, consoante as relações da estatística, não é obtida apenas através do Produto Interno Bruto, o velho PIB enfatizado pelos veículos de divulgação, ou pela elevação do nível de renda e de consumo de milhões de brasileiros. Cumpre destacar também os elevados índices de crescimento alcançados pelos setores da infraestrutura - energia sob as suas diversas formas, transporte, telecomunicações, imobiliário, saneamento etc. e indústria pesada.

Segundo estudo recente desenvolvido pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base), no período compreendido entre setembro de 2009 e outubro de 2010, houve um aumento de 8% na demanda de energia elétrica, o consumo de gás natural elevou-se em mais 21,4%, o volume de cargas transportadas cresceu 12,2% por via aérea, 16,9% através dos portos e 13,2% nas ferrovias.

Apesar disso, as carências em todas as áreas da infraestrutura do país são vultosas, especialmente em saneamento básico, suprimento de água potável e construção civil. Porém essas necessidades já se acham em grande parte mapeadas por entidades públicas e privadas, com vistas às exigências imediatas e futuras decorrentes da realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, e muitos projetos fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A esses dois eventos acrescente-se ainda a extração de petróleo e gás nas camadas do pré-sal. E todos reunidos perfazem investimentos da ordem de R$ 1,5 trilhão, consoante avaliação da agência de classificação de risco Standard & Poor´s.

O Plano Decenal de Energia, compreendido entre 2010 e 2019, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, para atender ao crescimento da demanda nacional de cerca de 5,3% a.a., prevê a necessidade de acréscimos de 6.345MV anualmente na matriz elétrica do país, incluindo-se aí, além das grandes hidrelétricas, empreendimentos ditos de pequeno e médio porte, se comparados com as grandes barragens. Isto é, usinas que geram de um a 30MW. Este segmento atingiu o número de 387 unidades, em 2010. E sua capacidade instalada ultrapassou os 3.400MW, segundo informe da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A expectativa é que elas gerem, este ano, uma carga de 3.709 MW, ou 3,26% da matriz elétrica.

Prevê-se também a evolução das várias fontes de energia renovável - solar, de biomassa (etanol) e eólica, com projetos instalados em todas as regiões do Brasil, globalmente mais disseminados no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No particular, os projetos de energia eólica concentram-se ainda na região Nordeste, onde são mais abundantes as correntes aéreas durante todo o ano. Conforme a Associação Brasileira de Energia Eólica, essa região produz atualmente 900MW de energia eólica, porém nela o potencial de geração eleva-se aos 5.300MW.

Como aconteceu com os primeiros passos da construção das grandes hidrelétricas nacionais, assim como com os respectivos sistemas de transmissão, o BNDES é o principal agente financeiro dos projetos de energia limpa e renovável. Mas esse panorama está em vias de ser alterado. Segundo a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP), que publicou um número especial de sua revista dedicado ao assunto, é crescente o interesse dos investidores institucionais privados (nacionais e estrangeiros, incluindo-se aí os fundos de pensão) em participar do desenvolvimento do setor. Consoante a revista, além dos indicadores macroeconômicos, existem condições especiais para aplicações de recursos de Fundos de Investimento Participativo, especialmente do private equity e venture capital, modalidades de inversões ainda pouco desenvolvidas em nossos mercados. Tais condições, além dos indicadores macroeconômicos, seriam a governança participativa e os marcos regulatórios, instrumentos que regulam as relações entre gestores, administradores e investidores dos fundos.

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